segunda-feira, 2 de dezembro de 2013

O possível envolvimento de Capote e Perry Smith (o assassino).

Embora A Sangue Frio relate um fato, muitos críticos colocam em questão a veracidade do livro, acreditando que Capote omitiu e mudou determinadas informações. Para Severo (2009), a obra de Truman deixa perguntas sem respostas, a fim de acobertar a motivação homossexual do assassinato.

“Li o livro várias vezes e durante anos me questionei: “O que foi que aconteceu? Como uma família tão boa é trucidada de forma tão cruel? Há algo estranho nesse relato”. (...) Os dois criminosos eram amantes homossexuais e o assassinato da família evangélica inocente ocorreu porque um dos criminosos quis estuprar Nancy Clutter, a adolescente evangélica de 16 anos que estava amarrada. O parceiro homossexual, enciumado por ter sido trocado por uma linda mocinha loira, briga com seu amante. Esse foi um fato importante que o jornalismo investigativo de Capote omitiu completamente. (...) Por que motivo o renomado jornalista Capote acobertou a motivação homossexual do assassinato?” (SEVERO, 2009)

Severo vai além, apontando a habilidade de Capote de omitir a homossexualidade de suas obras. É o caso de Other Voices, Other Rooms (1948), que trata-se da história de Joel que ao conhecer um travesti, descobre e aprende aceitar a sua homossexualidade. Posteriormente, o autor admitiu que a obra fora uma tentativa inconsciente de ser autobiográfico.

“Other Voices, Other Rooms foi escrito antes de A Sangue Frio, e habilmente mostra a capacidade de Capote de manobrar a homossexualidade e os personagens envolvidos nela. (...) Entretanto, ele não deixou em A Sangue Frio códigos ou suspeitas de homossexualidade nos criminosos. Isto é, a homossexualidade, que era tão comum em seus outros livros, estava estranhamente ausente em seu relato sobre uma inocente família metodista assassinada por dois homens homossexuais.” (2009)

Para reconstruir o assassinato da família Clutter, Capote aproximou-se dos assassinos e tornou-se amigo deles, ganhando a confiança de ambos. Além do advogado, o escritor era o único que tinha permissão para visitá-los, fazendo longas entrevistas pessoais. Particularmente, o jornalista era fascinado por Smith.

Até hoje, há boatos de que existira um relacionamento romântico e sexual entre Capote e Smith, que era representado no livro com o mais sensível dos assassinos.

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